domingo, 29 de dezembro de 2013

Resenha crítica do filme “Caixa Dois”

Apesar de não ter o costume de postar aqui coisas que não sejam relacionadas diretamente ao Rock/Metal, como estamos chegando no final do ano e eu estou livre das aulas por enquanto, resolvi publicar algumas das resenhas sobre filmes que tive que fazer neste semestre.
Pra começar, vou deixar aqui a primeira resenha que fiz para a matéria de Ética e Legislação: Trabalhista e Empresarial, da comédia nacional Caixa Dois. Além de um trabalho acadêmico, esta resenha é, também, minha opinião acerca do filme. Obviamente, a minha opinião não é absoluta, você pode discordar ou concordar comigo; mas antes sugiro que veja o filme (sugiro, mas não recomendo - pode ser uma experiencia dolorosa). 


Baseado na peça homônima escrita por Juca de Oliveira e dirigida por Fauzi Arap, que foi vista por um público superior a um milhão e espectadores, o filme “Caixa Dois” tenta nos mostrar um pouco da realidade brasileira através de uma fórmula já batida no cinema nacional: comédia pastelão. O que não chega a ser um demérito tão grande, tendo em vista que o enredo trata de um tema bastante delicado como é o caso da corrupção.

A trama mostra o que acontece quando o poderoso banqueiro Luiz Fernando escolhe sua secretária Ângela como “laranja” para receber um cheque de 50 milhões de reais ilícitos. Por um engano cometido pelo executivo conhecido como “Romero” (ou Romeiro), o dinheiro vai parar na conta da honesta professora Angelina, mãe de Henrique, que, por sua vez, é namorado de Ângela. Angelina cogita devolver o dinheiro, no entanto, acontece de seu marido, o gerente Roberto, ser demitido do banco de Luiz Fernando.
Com um início confuso e mal desenvolvido, após meia hora a trama se arrasta de maneira lenta e demora a engatar o fator cômico a que se propõe; algo bastante negativo para um filme tão curto (cerca de 1h15m).

Apesar disso, é válido ressaltar o lado “sério” do longa que brinca com estereótipos e faz uma pequena crítica social, questionando os valores éticos e morais do cidadão brasileiro, independente da sua condição socioeconômica. Entretanto, o texto escorrega feio ao apresentar o conceito genérico de que qualquer pessoa (mesmo a mais honesta) pode sucumbir à corrupção e desonestidade se a recompensa for alta o bastante. Percebe-se uma apelação clara em comprovar tal teoria quando é colocada em xeque a idoneidade de um personagem que se apresenta como um dos pilares da moral no início da estória e que deveria, em tese, servir de exemplo.
Outro ponto crucial do longa é a forma como é construído o embate entre o bem e o mal, o certo e o errado; temos de um lado a família de classe média que, com muito esforço, paga as hipotecas da casa própria, e do outro o banqueiro corrupto, ganancioso e dissimulado que preocupa-se apenas com o seu próprio bem estar. Como mediador disso, um meio termo para contrabalancear e estabelecer a ligação entra os dois mundos, temos o recém demitido Roberto; o funcionário dedicado e esforçado que veste a camisa da sua empresa com maior orgulho. 

No final temos um desfecho já esperado, onde a família e seus valores são enaltecidos (e “justamente” recompensados) e o banqueiro ricaço e seus companheiros são, de certa forma, condenados; sem esquecer também de valorizar o velho e já mundialmente conhecido “jeitinho brasileiro”, com a alusão implícita ao antigo dito popular de que “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.

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