Apesar de não ter o costume de postar aqui coisas que não sejam relacionadas diretamente ao Rock/Metal, como estamos chegando no final do ano e eu estou livre das aulas por enquanto, resolvi publicar algumas das resenhas sobre filmes que tive que fazer neste semestre.
Pra começar, vou deixar aqui a primeira resenha que fiz para a matéria de Ética e Legislação: Trabalhista e Empresarial, da comédia nacional Caixa Dois. Além de um trabalho acadêmico, esta resenha é, também, minha opinião acerca do filme. Obviamente, a minha opinião não é absoluta, você pode discordar ou concordar comigo; mas antes sugiro que veja o filme (sugiro, mas não recomendo - pode ser uma experiencia dolorosa).
Baseado na peça homônima escrita
por Juca de Oliveira e dirigida por Fauzi Arap, que foi vista por um público
superior a um milhão e espectadores, o filme “Caixa Dois” tenta nos mostrar um
pouco da realidade brasileira através de uma fórmula já batida no cinema
nacional: comédia pastelão. O que não chega a ser um demérito tão grande, tendo
em vista que o enredo trata de um tema bastante delicado como é o caso da
corrupção.
A trama mostra o que acontece
quando o poderoso banqueiro Luiz Fernando escolhe sua secretária Ângela como “laranja”
para receber um cheque de 50 milhões de reais ilícitos. Por um engano cometido
pelo executivo conhecido como “Romero” (ou Romeiro), o dinheiro vai parar na conta da
honesta professora Angelina, mãe de Henrique, que, por sua vez, é namorado de
Ângela. Angelina cogita devolver o dinheiro, no entanto, acontece de seu marido,
o gerente Roberto, ser demitido do banco de Luiz Fernando.
Com um início confuso e mal
desenvolvido, após meia hora a trama se arrasta de maneira lenta e demora a
engatar o fator cômico a que se propõe; algo bastante negativo para um filme
tão curto (cerca de 1h15m).
Apesar disso, é válido ressaltar
o lado “sério” do longa que brinca com estereótipos e faz uma pequena crítica
social, questionando os valores éticos e morais do cidadão brasileiro,
independente da sua condição socioeconômica. Entretanto, o texto escorrega feio
ao apresentar o conceito genérico de que qualquer pessoa (mesmo a mais honesta)
pode sucumbir à corrupção e desonestidade se a recompensa for alta o bastante.
Percebe-se uma apelação clara em comprovar tal teoria quando é colocada em
xeque a idoneidade de um personagem que se apresenta como um dos pilares da
moral no início da estória e que deveria, em tese, servir de exemplo.
Outro ponto crucial do longa é a
forma como é construído o embate entre o bem e o mal, o certo e o errado; temos
de um lado a família de classe média que, com muito esforço, paga as hipotecas
da casa própria, e do outro o banqueiro corrupto, ganancioso e dissimulado que
preocupa-se apenas com o seu próprio bem estar. Como mediador disso, um meio
termo para contrabalancear e estabelecer a ligação entra os dois mundos, temos
o recém demitido Roberto; o funcionário dedicado e esforçado que veste a camisa
da sua empresa com maior orgulho.
No final temos um desfecho já
esperado, onde a família e seus valores são enaltecidos (e “justamente”
recompensados) e o banqueiro ricaço e seus companheiros são,
de certa forma, condenados; sem esquecer também de valorizar o velho e já
mundialmente conhecido “jeitinho brasileiro”, com a alusão implícita ao antigo
dito popular de que “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.
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