Local: Bali Beach Club
Após cerca de três anos sem pisar na capital baiana, o Angra, um dos principais nomes do Heavy Metal Melódico brasileiro, volta para realizar mais uma apresentação e, assim como em 2010, trazendo novidades. Digo isso porque naquele ano tivemos a volta do baterista da formação clássica, Ricardo Confessori, às baquetas e um novo álbum de estúdio; O (apenas) bom "Aqua".
Como todos os fãs devem saber (ou deveriam), Edu Falaschi, que assumiu os vocais após a saída do Andre Matos, anunciou que deixaria a banda no ano passado. O que, mais uma vez, fez com que a mesma pausasse as atividades. E então é aí que entra a novidade deste ano: A participação do italiano Fabio Lione. Mais conhecido pelo seu trabalho a frente das bandas Rhapsody Of Fire e Visio Divine.
Lione foi inicialmente convidado apenas para os shows que seriam realizados no cruzeiro "7000 Tons of Metal" e no Live ’n’ Louder. No entanto, a parceria foi tão bem aceita pelo público que, algum tempo depois, foi anunciado que haveria uma tournée em comemoração aos 20 anos de lançamento do aclamado "Angels Cry". E, pra alegria dos fãs, esta série de shows aportou aqui na cidade do axé!
Apesar de ter sido marcado para começar às 18 horas, quando cheguei ao local do evento (por volta das 17), já se podia ver uma crescente nuvem negra que aumentava cada vez mais. Ótimo para as bandas de abertura; imaginei. Entretanto, após adentrar o espaço, percebi que não seria exatamente assim. Como assim? Bom, deixe-me explicar: assim que vi o tamanho do palco e o set de bateria do Ricardo já montado, percebi que a banda principal seria a primeira (!), devido o fato de o palco oferecido pelo Bali Beach Club não ser tão extenso e não ter capacidade para comportar dois sets de bateria.
Por volta das 18h30min a banda sobe ao palco para realizar a sua passagem de som e dar os ajustes finais, tocando "Winds of Destination". Todo este processo levou cerca de meia hora, causando inquietação do lado de fora do Bali; inclusive, eu cheguei a ouvir o Kiko (Loureiro) brincar dando pressa ao pessoal pra abrir logo os portões antes que a galera "quebrasse tudo lá fora".
Enfim, as 19h00min horas os portões se abrem e os fãs impacientes já começam a se aglutinar à frente do palco, como se já soubessem que a atração principal abriria o evento. Conforme o tempo passava, podia-se ver a ansiedade na cara de muitos; alguns já muito impacientes com a demora.
Passaram-se uma hora e meia desde a abertura dos portões e duas horas e meia desde o horário previsto para início do evento, quando começamos a ouvir uma introdução, aparentemente, composto para esta série de shows comemorativos. As cortinas se abrem e o grupo surge no palco executando de cara "Angels Cry" do disco que leva o mesmo nome, cantada em uníssono pelos fãs presentes, chegando até mesmo a sobrepujar a o som da banda! A seguir, sem tempo para descanso, diretamente do "Holy Land" vem a conhecidíssima "Nothing To Say", seguida de "Waiting Silence", do excelente "Temple Of Shadows" e só então temos uma pausa. Neste momento, o Fabio Lione – visivelmente empolgado – tenta uma comunicação em português com o público que, apesar do sotaque carregado do italiano, conseguiu entende-lo perfeitamente.
Logo a seguir, temos mais uma do "Angels Cry"; a intensa "Time", mais uma que o público canta a plenos pulmões. Momento tão marcante que chegou a arrancar um "do caralho" do Fabio ao final da música! Sem perder tempo, a banda começa os primeiros acordes de "Lisbon", balada consagrada do disco "Fireworks". Nesta faixa, ficou uma sensação de estranheza devido à falta do solo de teclado. No entanto, nada que prejudicasse a apresentação. Aliás, a falta de teclado foi algo que me chamou bastante a atenção durante todo o show: Em algumas músicas fez-se uso de sintetizadores pré-gravados e em outras o próprio Kiko Loureiro tocou, como foi o caso de "Millennium Sun" e "Winds Of Destination" que vieram em seguida.
"Gentle Chage", mais uma balada do "Fireworks" veio acalmar um pouco o público eufórico após a execução de "Winds Of Destination", e após ela, o Fabio aproveita o clima de calmaria para "apresentar" um excelente guitarrista e também vocalista, referindo-se ao Rafael Bittencourt. Assumindo o microfone, Rafael aproveita para falar um pouco da importância que tem cada registro na carreira da banda ao longo desses 20 anos, e finaliza apresentando "The Voice Commanding You", canção que faz parte do álbum que não foi muito bem recebido pelos fãs na época: O "Aurora Consurgens".
Logo depois vem a já conhecida "Late Redemption", onde o Kiko Loureiro canta as partes em português, originalmente interpretadas por Milton Nascimento. Na verdade, pode-se dizer que o Kiko tentou cantar, pois, nesta música, o coro que se formou foi ainda maior que o formado durante a execução de "Angels Cry"! Impossível não notar a empolgação de todos diante da resposta dos expectadores.
Faz-se uma pequena pausa, então, e os outros integrantes da banda saem do palco. Nesse momento o público aproveita para recarregar as baterias. Alguns instantes depois sobem ao palco Kiko e Rafael para continuar o show com um formato mais intimista, já conhecido dos fãs; é o set acústico. A diferença aqui é o fato de que, em anos anteriores, a sessão acústica tinha a participação de toda a banda. Dessa vez, porém, foram apenas o Rafael e o Kiko tocando e cantando as músicas. Este set acústico começa com o Rafael falando um pouco mais da história da banda e de como ele e o Kiko se conheceram, para, só então, anunciar aquela que ele considera a primeira música do Angra de fato: "Reaching Horizons". Na sequência veio ainda "Carolina IV", "Caça e Caçador", "A Monster In Her Eyes" – única representando o recente "Aqua" – e "Make Believe", sempre com vocais intercalados entre Kiko e Rafael.
Terminada a sessão acústica, todos voltam ao palco para executar "No Pain For The Dead" seguida de "Wings of Reality". Depois de uma pequena interação com a plateia, a banda excuta "Evil Warning" e faz uma pequena pausa preparando a música mais aguardada da noite.
Com o inicio de "Unfinished Allegro", não resta dúvidas de que é hora de um dos maiores clássicos do Metal Melódico nacional dar o ar da graça. "Carry On", como sempre, incita a famosa "roda" no centro da pista em frente ao palco e faz anima a toda a plateia do início ao fim. E próximo ao final da música, um grito ainda maior de euforia invadiu o Bali Beach Club quando Alírio Netto, vocalista do Khallice, Age of Artemis e Lince, subiu ao palco pra dividir os vocais com o Fabio – um dos pontos mais altos do show! Após toda a empolgação de "Carry On", vem a calmaria antes da tempestade com "Ribirth" do álbum homônimo, seguida de "In Excelsis" que serve de abertura para "Nova Era", outro grande clássico da banda que encerra a apresentação do Angra em Salvador.
Após 22 músicas em duas horas e meia de show, o Angra provou que ainda tem muito pra mostrar e que, apesar das dificuldades que vem enfrentando, não pretendem parar tão cedo. Todos estavam bastante à vontade e esbanjando energia e carisma – até mesmo o Kiko que tem fama de ser mais reservado mostrou-se bastante "amigável". Um show pra ficar na memória por muito tempo, com toda certeza!
Como eu já imaginava, assim que a banda saiu do palco e as cortinas se fecharam ao som de "Gate XIII", cerca de metade dos presentes dispersou e foi embora. O grande problema de se colocar a atração principal no inicio do evento, é o fato de que boa parte da audiência dispersa após a apresentação. Com o Angra não foi diferente, infelizmente. Quem saiu perdeu a curta, porém excelente, apresentação do Age Of Artemis (a qual eu estava ansioso para ver)!
Os brasilienses liderado por Alírio Netto, mais conhecido pelo seu trabalho na banda de Prog Metal Khallice, tocaram apenas cinco músicas, mas que animaram bastante todos os que ficaram para ver.
Apesar de curto, o set da Age Of Artemis agradou bastante e as músicas foram muito bem escolhidas. Após a intro "What Lies Behind", "Echoes Within" chamou a galera pra acompanhar de perto o desempenho do grupo. E, provavelmente, para a surpresa da banda, muitos dos que estavam na frente já conheciam suas músicas e cantavam a plenos pulmões!
Ainda é preciso ressaltar a qualidade técnica da banda e o carisma e a presença do vocalista, Alírio Netto; mesmo com poucas pessoas presentes, os caras mandaram destilaram virtuosismo e técnica em canções como "You’ll See", "Truth In Your Eyes", "Take Me Home" e "Mystery".
Logo a seguir, por volta das 00h20min, os cearenses da "Terra Prima" sobem ao palco. O show mais voltado para a divulgação do seu mais recente trabalho, o álbum "And Life Begins". Outra banda excelente que merece uma atenção maior por parte dos fãs!
Um dia inesquecível para os fãs de Heavy/ Power Metal Melódico que vai ficar marcado na memória de muitos, com toda a certeza!
Como ponto negativo, ressalvo apenas a falta de estrutura da casa em atender um evento deste porte. Acredito que muitos desistiram de prestigiar o show por conta do local onde seria realizado – atitude lamentável, porém, existente. Outro ponto negativo foi a localização da mesa de som e aparelhagem, que estava muito próximo do palco e, entre pilastras e cabos, diminuía o espaço para que os fãs "bangueassem" .
Entretanto, podemos dizer que o saldo total do show foi positivo! Parabéns a organização pela iniciativa e as bandas pelo excelente trabalho!
E que venham os próximos!
Setlist Angra
1. Intro/ Angels Cry
2. Nothing To Say
3. Waiting Silence
4. Time
5. Lisbon
6. Millennium Sun
7. Winds Of Destination
8. Gentle Change
9. The Voice Commanding You
10. Late Redemption
11. Silence And Distance
12. Reaching Horizons
13. Carolina Iv
14. Caça E Caçador
15. Monster In Her Eyes
16. Make Believe
17. No Pain For The Dead
18. Wings Of Reality
19. Evil Warning
20. Unfinished Allegro/ Carry On
21. Rebirth
22. In Excelsis/ Nova Era
23. Gate XIII
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